Resenha do Livro A solidão dos Moribundos
Há, do todo modo, diversas questões apresentadas por Elias, algumas delas são fortemente destacadas em vários momentos e têm notória importância para o desenvolvimento do livro. Dentre elas temos: a correlação antagônica entre a consciência humana da morte e sua fantasia de imortalidade; a dificuldade de identificação e até convivência – em certos casos – com os velhos, doentes e moribundos; e também o isolamento dos moribundos por parte dos mesmos. O modo como o autor trata destes temas é, sem dúvida, legítimo. Todos os temas são apresentados e desenvolvidos por meio da evidência do processo civilizatório, ou seja, como o homem lida com a experiência da morte – dos outros e a sua própria – no decorrer da evolução das sociedades.
Para o autor o que difere o homem de outro animal é a ciência de sua finitude. O animal é completamente alheio a morte, do outro e da sua própria. O homem, no entanto, sabe que vai morrer. Todavia – e talvez até por isso – o homem tem tido necessidade de evitar esta ideia. Seja apenas reprimindo-a ou assumindo “uma crença inabalável de sua própria imortalidade”. Com os avanços tecnológicos, médicos e sociais, a ameaça da morte tornou-se cada vez mais distante. Estes avanços acarretaram num prolongamento da vida individual, uma expectativa de vida de aproximadamente 75 anos. Entretanto, em sociedades menos desenvolvidas esta ameaça pode ocorrer com mais frequência, em lugares onde a fome, a doença e a violência são recorrentes, a morte é intrínseca.
Notório é o processo de identificação – dos vivos e moribundos – que ocorreu durante o passar dos séculos. O autor utiliza como exemplo a Grécia antiga, onde a população se reunia para assistir a gladiadores lutarem até a morte, pessoas sendo mutiladas e