serviço social e realidade regional
O livro é composto por dois ensaios sendo que no primeiro, A solidão dos Moribundos, Elias aborda o processo civilizatório da sociedade e dos indivíduos e os modos por meio dos quais se instalam, em cada um, os sentimento de constrangimento, medo e embaraço em relação a tudo que lembre a finitude da vida biológica. O segundo ensaio, Envelhecer e Morrer, é uma versão revista de uma conferência médica em 1983 e aborda, especialmente, o isolamento dos velhos e moribundos em asilos, hospitais e clínicas de saúde. O livro possui uma linguagem tranqüila de se compreender e o autor discorre sobre nossos medos mais profundos e, muitas vezes, velados por nossos mecanismos de defesa e auto-controle, abordando a solidão dos moribundos no contexto da sociologia figuracional.
Elias propõe várias reflexões que permeiam a questão da solidão dos moribundos sendo que em uma delas é oportuno ressaltar aqui: “Seria falso sugerir que os problemas específicos do estágio da civilização na relação dos saudáveis com os moribundos, dos vivos com os mortos, são um dado isolado. O que surge aqui é um problema parcial, um aspecto de um problema geral da civilização em seu estágio presente (p.32)”. Elias aponta, com bastante propriedade ao longo dessa obra, que se faz mister entender a questão central do isolamento dos moribundos a partir da compreensão da mudança que acompanha os distintos estágios alcançados pelo desenvolvimento da humanidade.
Assim, o problema da morte e do envelhecimento – e em conseqüência, o problema do abandono e exclusão dos velhos - somente podem ser compreendidos a partir da noção de que a experiência da morte varia de uma sociedade para outra e que, portanto, tal experiência foi/é apreendida não sendo, pois, algo natural e/ou universal. Não é exatamente o fato biológico de morrer que varia uma vez que essa experiência é um dado inevitável da vida biológica,