Resenha do livro Minhas viagens com Heródoto
O que havia do outro lado? Teria que ser diferente. Mas o que significa “ser diferente”? Polônia, pós-guerra, um recém-formado jornalista possui um desejo simples e modesto, mas que não o deixava em paz e mantinha-o em constante estado de excitação: ele queria poder atravessar a fronteira.
Em “Minhas viagens com Heródoto”, Ryszard Kapuscinski conta as diversas experiências que teve quando seu desejo foi realizado. Ele saiu pelo mundo e cobriu revoluções, golpes de Estado e guerras civis em vários países. Porém, nunca esteve sozinho. Carregava consigo um livro que o ajudaria, não só a obter técnicas de narração, como a ter uma melhor visão de mundo: “História” do grego Heródoto.
Sua jornada começa quando é enviado à Índia. Kapuscinski foi enviado para o país sem saber por onde começar seu trabalho, sem saber como se comunicar, sem poder voltar à Polônia e sem entender nada sobre os costumes da população. Para conversar com as pessoas, começou a estudar inglês num livro de Hemingway, porém em nada o ajudou. Foi com Heródoto que compreendeu que situações como aquelas são comuns e o certo seria enfrentá-las. Ele foi uma fonte de alívio, uma passagem do mundo de tensão para um mundo de personagens imaginários e, a partir daí, indispensável.
Heródoto é considerado o “Pai da História”. Ele viajou pelo mundo, encontrou pessoas, ouviu o que elas tinham a dizer e colocou tudo no papel. Há mais de 2500 anos, sabia de coisas que até hoje muitos ainda não entendem: “Não estamos sozinhos. Temos vizinhos, os quais, por sua vez, têm os seus, e todos nós povoamos o mesmo planeta. O homem não somente cria a sua cultura e vive nela – o homem é sua própria cultura”. O filósofo serviu de “mestre” para Ryszard, que considerava a sua obra a primeira grande reportagem da literatura mundial.
Após a Índia, o jornalista foi enviado para a China e depois ao Egito, Congo, Etiópia, entre outros. Cada país onde foi contou as situações pelas