Apologia da história” de marc bloch: a ciência de historiar
Fuzilado em 1944, pela Gestapo (polícia nazista), durante a resistência francesa contra invasão alemã na Segunda Guerra, o autor de Apologia da história: ou o ofício do historiador deixou sua obra de metodologia histórica incompleta. Francês e judeu, Marc Bloch, que fundou, juntamente com Lucien Febvre, a Escola dos Annales (um marco para a pesquisa histórica) foi um dos mais importantes historiadores de todos os tempos. Neste post, procuraremos percorrer alguns pontos interessantes do livro mencionado.
Logo na introdução, existe uma reflexão crucial para o historiador. A de que vivemos numa sociedade histórica. As civilizações ocidentais, gregas e latinas, que antecederam as sociedades modernas, eram de povos historiógrafos, segundo Bloch. O cristianismo é uma religião de historiador. Podemos ver esta questão presente também no trabalho de Hannah Arendt, porém a autora é mais cuidadosa distinguindo as noções históricas entre gregos e latinos. “A filosofia cristã rompeu com o conceito de tempo da Antiguidade, porque o nascimento de Cristo, tendo ocorrido num tempo humano secular, constitui não só um novo princípio como também um acontecimento único e sem repetição” (ARENDT, 1988, p. 22). Embora, os gregos possuíssem culturalmente a história, como mostrou Bloch, o conceito secular estava intrínseco aos ciclos da Antiguidade. Os assuntos humanos nunca eram completamente novos, apenas se repetiam; se pudesse aparecer algo novo eram apenas os homens das novas gerações; assim, todos estavam predestinados a contemplar um espetáculo natural ou histórico que era sempre o mesmo. O conceito cristão de História e a vida eterna dos cristãos romperam com esse ciclo.
Entretanto, Bloch adverte com tom pesaroso que as civilizações podem se modificar deixando de ser históricas; pois existe o perigo de jogar a “boa história” no buraco junto com a “má-história”. Este trecho marca dois posicionamentos do autor. O