Resenha do livro 1822
Nesta obra, o autor nos mostra uma família real cheia de diferenças, guerreira, boêmia, egoísta, fracassada, viril e covarde, que veio de Portugal apenas para fugir de suas mazelas.
O relato não é só histórico, mas também psicológico, tanto das batalhas que compuseram o cenário nacionalista e liberal do século XIX, como dos personagens que ajudaram tudo isso a acontecer. O primeiro e mais controverso deles é o próprio Pedro I. O jovem líder que colocou duas nações em guerra era tão mulherengo quanto responsável, e tão possessivo quanto corajoso. Apesar de ter vivido apenas 35 anos, é mundialmente conhecido por libertar o Brasil de Portugal e ainda assim conseguir ser aclamado pelos dois países, além de ter rejeitado várias coroas que suplicavam sua liderança para alcançarem uma vitória iminente.
Sem sair do destaque da alta nobreza, ainda há a austríaca Imperatriz Leopoldina de Habsburgo, mulher intelectual e virtuosa, possuidora de vários dons menos um que seu marido, Pedro I, admirava: beleza. Também podemos citar o sábio José Bonifácio, que ajudou o príncipe regente a alcançar seu objetivo-mor. Sem esquecer o escocês avarento Sir Thomas Cochrane, o almirante alcunhado de lobo do mar que fez a Marinha Brasileira ser reconhecida hoje, é apenas lembrado como um logradouro no bairro da Tijuca, RJ. Laurentino fala também sobre o Brasil dividido que D. João VI deixou para trás: de um lado o país letrado e extremamente modificado depois da mudança da corte para cá, e do outro lado o restante do território brasileiro ainda esquecido, devastado por doenças e pela miséria. As batalhas entre líderes brasileiros e portugueses deixaram marcas profundas na história da independência do Brasil. Tanto na Bahia, centro da base lusitana, quanto no Nordeste, palco de pequenas guerras civis que envolveu a força