Resenha Do Filme O Jogo Da Imita O
O que define ser uma pessoa normal? Normal é ter todos os braços, ser saudável e conversar e socializar naturalmente? Gostar do sexo oposto e gostar de assuntos típicos do seu sexo? Não são questões levadas muito a fundo por O Jogo da Imitação, mas Alan Turing, interpretado por um brilhante Benedict Cumberbatch, cheio de nuances e olhares inexpressivos que escondem um tormento na alma e desejos reprimidos, carrega todos esses conflitos e demonstra o medo de um indivíduo de ser condenado pela maioria, ser enxergado como pária e ser execrado pelos demais.
Talvez por isso, Alan se demonstra uma pessoa tão afastada e anti-social, enfatizando a arrogância de sua genialidade em matemática e na habilidade de resolver enigmas. Ao mesmo tempo que o roteiro aborda o trabalho secreto dele para o serviço de inteligência britânico, ajudando a construir o primeiro computador da história, afim de decodificar o Enigma, código usado pelos nazistas para mandar mensagens de guerra para definir estratégias.
A trilha minimalista de Alexandre Desplat denota os melhores momentos do filme, utilizando-a como forma de construção de clima, não de emoção, agregando um requinte diante de conflitos tão fortes, como um desejo pulsante e reprimido ou as lágrimas guardadas com força diante de um olhar frio fingido, ao medo de expressar suas emoções mais internas. A montagem monta a narrativa a entender o passado do personagem e as atitudes depois de adulto, como por exemplo, ele chamar o computador de Christopher e ao longo do filme, esse fato se torna mais significativo.
Cumberbatch gagueja e abusa dos trejeitos, mas jamais soa caricato em sua arrogância ou sua homossexualidade, numa atuação sutil aonde acerta em trazer um homem que se esconde e se esquiva das relações humanas. Keira tá competente com a mulher que conduz Alan além de sua matemática, para levá-lo a se relacionar e entender algo tão ilógico como o ser humano, aonde os resultados não são