Resenha do filme “1984” e suas relações com o mundo contemporâneo
A existência de um sistema governamental extremamente robusto, capaz de vigiar as conversas telefônicas, as trocas de e-mails e/ou as postagens nas redes sociais de qualquer indivíduo, sem prévia autorização.
Engana-se quem pensa que esta é apenas uma referência ao clássico romance distópico, de George Orwell, “1984” (adaptado em 1956 e 1984 ao cinema) em que a personagem principal Winston Smith tenta de todas as maneiras se livrar da vigilância imposta pelo partido único que controla o governo de um país imaginário. Trata-se, na realidade, do esquema do governo dos Estados Unidos, mais precisamente da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), revelado recentemente pelo ex-agente desta mesma NSA, Edward Snowden.
No romance do escritor inglês, passado no país imaginário chamado Oceania, o governo na figura do seu chefe maior, o “Grande Irmão”, é capaz de acompanhar todas as ações dos habitantes deste país imaginário através das temidas e onipresentes teletelas.
Além disso, no romance citado, o governo possui a clara intenção de controlar não apenas as falas e ações, mas até mesmo os pensamentos dos cidadãos e criminalizando aqueles que ousam pensar de forma diversa daquela imposta pela hierarquia estatal (crime de pensamento ou, em novilíngua “crimideia”).
Ao se observar as revelações feitas por Edward Snowden, percebe-se que nunca estivemos tão perto de 1984. A existência, no mundo real, de um sistema nos moldes deste que o governo estadunidense possui, coloca em xeque valores basilares de nossa sociedade como privacidade e confidencialidade das comunicações. Pode não ser o Grande Irmão, mas é muito possível que hoje alguém esteja de ouvindo você.
Apesar das infelizes semelhanças existentes entre ficção e realidade, é possível apontar algumas diferenças entre aquilo que foi imaginado