Resenha de o Plano como aposta
Carlos Matus (1991) em “O Plano como Aposta” apresenta um processo de planejamento social onde o homem é colocado entre dois polos: no primeiro controla totalmente os resultados de sua prática, decide, faz e distingue os objetivos que pode alcançar. No segundo, é carreado pelas circunstâncias que não controla onde pode somente apostar nos acontecimentos futuros como um espectador da realidade que o determina e pauta suas ações.
A proposta do Planejamento Estratégico Situacional (PES) foge de um modelo tradicional radicado na ideia tecnocrática e determinista que acredita que um sistema pode ser controlado por um jogador. Neste modelo os atores teriam comportamentos preditos, é possível se fazer um cálculo acertado das leis de comportamento e as jogadas poderiam ser antevistas. Já o PES motiva - se na noção de um jogo semicontrolado influenciado por ações racionais de atores criativos cooperando e competindo por recursos limitados. O cenário de incerteza e imprevisibilidade tem como ingredientes mais importantes: A ignorância em relação às informações e a vários aspectos do futuro, a criatividade dos jogadores como elemento central na interação do jogo, a dimensão linguística que torna muitas vezes ambígua ou opaca a conversação entre jogadores e contexto ou jogo superior ao jogo que está sendo jogado onde não há o mínimo de controle ou capacidade de antecipação. Um bom jogador necessita ter certo domínio intelectual do jogo em que está inserido enfrentando 04 (quatro) problemas expressivos: saber explicar a realidade do jogo, saber delinear propostas de ação sob forte incerteza, saber pensar estratégias para lidar com os outros jogadores e com as circunstâncias e saber fazer no momento oportuno e com eficácia.
O “saber explicar” diferencia-se de um diagnóstico tradicional, pois considera central esclarecer a realidade a partir das explicações dos diversos jogadores e quais explicações podem ser atribuídas a estes.