PERFIL GEOLÓGICO PONTA NEGRA- ESTRADA DO TURISMO
1. APRESENTAÇÃO
O presente relatório de campo foi executado na zona oeste da cidade de Manaus, bairro da Ponta Negra até parte da Estrada do Turismo (Fig. 1), contemplando exposições de depósitos sedimentares, além das variações litológicas e os registros da tectônica cenozóica na Formação Alter do Chão. No período de baixo nível do Rio Negro (meses de setembro a março) são expostas barras arenosas recentes de granulação fina a grossa que formam uma faixa arenosa conhecida como Praia da Ponta Negra, as quais encobrem parcialmente afloramentos da Formação Alter do Chão. Os depósitos da Formação Alter do Chão são constituídos por arenitos, argilitos caolinizados e, subordinadamente, conglomerados, contendo, localmente, níveis descontínuos de arenitos silicificados e ferruginosos, com espessura entre 1 e 2 m, denominados informalmente de “Arenito Manaus” (Albuquerque 1922). Na Praia da Ponta Negra esses níveis silicificados exibem mosqueamento e desferrificação (Vieira 2002, Nogueira et al. 2003). A Formação Alter do Chão é interpretada como produto de um ambiente flúvio-deltaico- lacustre em sistema de rios entrelaçados depositada no Cretáceo Superior (Caputo et al. 1972, Daemon 1975, Travassos & Barbosa Filho 1990, Cunha et al. 1994 Dino et al. 1999).
No trajeto feito da praia da Ponta Negra em direção ao norte, é possível contemplar alguns dos registros da tectônica cenozóica que afetou a região e que tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores (Iriondo 1982, Franzinelli & Piuci 1988, Franzinelli & Igreja 1990, Fernandes Filho 1996, Costa et al.1996, Silva 2005). Nesse trecho, o horizonte de crosta laterítica ferruginosa desenvolvido sobre a Formação Alter do Chão mostra-se deslocado por um sistema de falhas normais em arranjo lístrico, gerando estruturas do tipo graben e horst sintéticas e antitéticas, inclusive com rotação de blocos. Os registros dessa tectônica rúptil estão distribuídos por grande parte da cidade de Manaus e