Resenha de A hora da estrela - Clarice Lispector
Aluna: Ana Renata Linard Ribeiro
Professor: José Anderson Sandes
Disciplina: Jornalismo Impresso II
Resenha sobre o livro “A hora da estrela”, de Clarice Lispector
A obra de Clarice Lispector, A hora da Estrela, é uma leitura permeada por suspense, pelo diálogo do narrador-personagem com o leitor e pelo paradoxo da descrição da nordestina Macabéa, que se apresenta crua e sutil ao mesmo tempo.
Com pouco mais de 80 páginas, o livro, embora pequeno, não deixa a sensação a desejar no seu enredo e prende a atenção desde o início pelo modo como Rodrigo (o narrador-personagem) fala da necessidade de “parir” Macabéa. A autora ressalta constantemente o fato da protagonista do enredo ser uma nordestina e fica nítido que ela faz uma associação entre a aparência, às limitações e o sofrimento daquela moça e o modo de vida de tantas outras moças do Nordeste. O mesmo acontece com Olímpio, o suposto affair de Macabéa. Clarice, ao apresentá-lo, deixa perceptível, mais uma vez, esse determinismo geográfico: “Vinha do sertão da Paraíba e tinha uma resistência que provinha da paixão por sua terra braba e rachada pela seca. Trouxera consigo, comprada no mercado da Paraíba, uma lata de vaselina perfumada e um pente, como posse sua e exclusiva. Besuntava o cabelo preto até encharcá-lo. Não desconfiava que as cariocas tinham nojo daquela meladeira gordurosa.” Olimpo era ambicioso, tinha um ar de grandeza e sempre se irritava com as perguntas sem respostas de Macabéa.
A inocência e a passividade de Macabéa, diante da sua rotina extremamente simples, ora encantam, ora enfurecem o narrador (e o leitor também), mas as doses de humor, que são colocadas na hora certa, quebram o clima de indignação e impaciência, dando margem à fluidez dos pequenos, mas tão importantes avanços de Macabéa. O modo como ela lida com o trabalho de datilógrafa também é algo marcante na narrativa, pois fica evidente o déficit intelectual da moça se comparada ao Seu Raimundo