Resenha de que trata a linguística, afinal?
Nayara Molina
Borges Neto e Dascal iniciam suas especulações acerca do tema expondo aos participantes do Congresso da ALFAL que mesmo eles, que já são professores e pesquisadores renomados, talvez não soubessem responder com exatidão do que se trata a linguística. Logo ao início os autores relacionam o questionamento supracitado com o fato de que muitos iriam chegar ao ponto de que a linguística seria o estudo científico da linguagem humana, deixando de lado a natureza do objeto da linguística e, a partir deste ponto tecem ideias que os fazem questionar o que seja o “fazer ciência” que faria com que a linguística construísse ou concebesse seu objeto, abordando posteriormente a opção de fragmentação da linguística na qual “não haveria um objeto, mas sim um “feixe” de fenômenos relacionados entre si, passíveis de serem estudados de pontos de vista diferentes e independentes uns dos outros” (p. 437), o que nos leva a questionar qual seria, então, o objeto da linguística. A partir daí, definir-se-á as noções de objeto observacional e objeto teórico, sendo que esta divisão não ocorre de forma natural. O primeiro objeto seria aquela região que a teoria tem como foco e que é constituído por “coisas” observáveis e o segundo corresponde a uma transformação do objeto observacional, pois a teoria vai atribuir propriedades aos fenômenos e estabelecer funções entre eles, por isso ocorre de teorias diferentes poderem construir objetos teóricos distintos sobre um mesmo objeto observacional. Essa questão envolvendo o objeto teórico é problematizada ao pensarmos que a teoria cria uma um mundo que não se mescla com o mundo real, o que leva a pensar se as entidades teóricas são reais como as observáveis, o que é chamado de problema ontológico. Este problema