Resenha Como as Instituições Pensam
Mary Douglas é antropóloga, pesquisadora e professora. Lecionou nas Universidades de Oxford e Londres. Realizou pesquisas de campo na África e dentre outros livros, é autora de Pureza e Perigo (1966). Este trabalho é resultado de conferências realizadas na Universidade de Siracusa, USA.
Baseado no compartilhamento de conhecimentos acerca dos padrões morais estabelecidos, o livro “Como as Instituições Pensam” (São Paulo: EDUSP, 1998; 151 páginas) de Mary Douglas se desenvolve na direção de esclarecer até que ponto o pensamento depende das instituições. Neste sentido, a autora se apropria da noção de solidariedade e cooperação em Emile Durkheim e Ludwick Fleck, onde a verdadeira solidariedade só existe se os indivíduos compartilharem das mesmas categorias de pensamento, para refletir sobre os conceitos destes autores através de uma abordagem que se pretende mais digna do que as investigadas anteriormente. A tendência em criticar Durkheim e Fleck ao tratar de solidariedade é ancorada no aspecto aparente de suas afirmações, onde os autores parecem inferir que as instituições são munidas de opiniões próprias. Estas noções são laboriosamente tratadas por Douglas no sentido de tentar compreender as teorias destes pensadores. Ambos escreveram sobre grupo social aplicando este termo a toda organização grupal. Ponto importante para a compreensão do leitor é a mudança da terminologia aplicada pela autora para a formulação de uma nova abordagem sobre os conceitos de Durkheim e Fleck no que se refere a organização legitimada. Que as instituições não podem ter opiniões próprias é notório em todo o desenvolvimento do livro, para tanto, além de uma preocupação com os conceitos utilizados na definição de comunidade e sociedade, Douglas recorre a situações ilustrativas intrigantes onde a opinião individual sobressai em questões coletivas, mas nem sempre é aceita por não apoiar o pensamento institucional presente na mente