Reprodução assistida
Tatiana Lionço1 e Rosana Castro2
A bioética emerge como estratégia de garantia dos direitos humanos face ao horror do holocausto e aos abusos da experimentação científica envolvendo seres humanos. Originalmente, propôs como parâmetros éticos os princípios da autonomia, beneficência, não maleficência e justiça, mas logo estendeu seu campo de regulação e crítica para a consideração da vulnerabilidade de certos grupos populacionais à violação de seus direitos humanos no contexto da assistência à saúde e da exposição ou limitação do acesso às novas tecnologias
1 Tatiana Lionço: Doutora em Psicologia pela UnB, pesquisadora da Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, professora de Psicologia da Saúde do UniCEUB/Brasília.
2 Rosana Castro: Antropóloga, mestranda em Antropoloia Social na Universidade de Brasília, pesquisadora da Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.
Biomédicas (DINIZ & GUILHEM, 2002). Assim, A bioética é um campo de conhecimento e intervenção que visa proteger os direitos humanos de pessoas envolvidas em pesquisas científicas e em práticas médicas. O exercício da medicina envolve, em grande parte, experimentação científica, sobretudo nos casos em que propõe novas tecnologias para fins de viabilização de mudanças inovadoras nas condições de vida e de saúde. Essas mudanças, operadas pela biomedicina, visam inaugurar alternativas à vida e à saúde anteriormente não viáveis, mas tornadas possíveis pelos avanços biotecnológicos. Nesse cenário, surgem diversas questões éticas, sobretudo em relação aos critérios de acesso às novas tecnologias, mas também quanto às repercussões que os avanços científicos impõem à vida e às experiências humanas. A reprodução humana sempre foi uma experiência social regulada por práticas culturais e históricas.
Diferentes povos em diferentes momentos históricos adotaram estratégias tanto para potencializar a fertilidade quanto para garantir que as relações sexuais