Reportagens genetica
Do ponto de vista da saúde pública, uma das primeiras perguntas que surge é se seria recomendável submeter todas as mulheres ao mesmo teste que ela fez. Tal exame mostra a presença ou não de mutação nos genes chamados BRCA1 e BRCA2, que, se presente, aumenta muito o risco de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Estima-se que tal mutações sejam raras na população geral, cerca de uma em cada mil mulheres as apresentariam. Além disso, a presença da mutação não traz certeza da doença, nem sua ausência é garantia de não ter algum desses cânceres. Por isso, ao menos por enquanto, relação entre custo e benefício da testagem recomenda que esta só seja feita em mulheres com clara história familiar dessas doenças.
Sim, porque há custos envolvidos – o exame feito por Jolie é patenteado, custando em média U$ 3.000,00 por teste. A empresa que o patenteou divulga ter gasto meio bilhão de dólares no seu desenvolvimento, e 80% do seu faturamento hoje depende dele. O dilema bioético que surge é evidente – é justo cobrar caro por um exame que poderia salvar a vida das pessoas que não poderão pagar por ele? Por outro lado, é justo forçar a empresa a não cobrar o quanto calcula ser viável, levando em conta os investimentos? Existem ações na suprema corte americana querendo derrubar a patente, ou os custos, mas não há resposta fáceis para a questão.
E finalmente, há que se levar em conta que, mesmo naquelas com história familiar, com o teste positivo, a opção de retirar ambos os seios antes de eles adoecerem não é nada simples. Estudos que acompanharam por mais de dez anos centenas de mulheres que fizeram tal opção mostram que, embora 70% delas