Repensando Darcy Ribeiro

Luciane Ribeiro
UERJ/IFHC
Análise Textual
“Nós não sabemos exatamente o que somos. Que não somos brancos, nem índios, nem pretos, mas uma nova síntese de todas elas." (Símon Bolívar – Congresso de Angostura – 1819). Este texto é parte do pensamento de vários intelectuais que pensam, desde então sobre o povo latino-americano. Pensamento este, que ecoa nas palavras do antropólogo Darcy Ribeiro.
Em “O povo Brasileiro”, percebemos que o autor delimita um trajeto histórico que vai desde a colonização, até os anos recentes. Ele começa por afirmar, que o conceito de “Homem cordial” do Historiador Sérgio Buarque de Holanda (in: Raízes do Brasil), pode ser contestado, visto que, todas as relações sociais brasileiras, desde 1500, se dão pelo entrechoque. Todas as guerras em nossas terras podem ser entendidas como choques étnicos, sociais, econômicos, religiosos e raciais, todos estes interligados de alguma forma.
Os Cabanos, Canudos, ou mesmo Palmares; todos estes conflitos, que ele usa como exemplos, são de ordem classista e racial. Nos Cabanos, o branco contra o caboclo, ou senhores versus serviçais; em Canudos, uma tensão classista, religiosa e racial, com os fiéis de Conselheiro combatendo a ordem fazendeira. Darcy afirma que conflitos Inter étnicos sempre existiram, mas com a chegada do colonizador, há uma mudança no panorama, já que agora, percebemos uma guerra de extermínio da população original de um território, contra um invasor, que nada tem em comum com esta sociedade, e que agora impõe diversos valores e costumes.
São lutas bem desiguais: de um dado, sociedades que vivem a base do parentesco e outras formas sociais, com uma identificação étnica profunda, contra, sociedades estatais, que pensam na conquista de um território. A imposição cultural começa com a dominação do território, com a uniformização pela língua, com a “catequização”, que difunde a cultura do dominador. O enfrentamento passa a ser racial, opondo etnias e culturas distintas, e o ponto