Favela
Quem te viu, quem te vê... e quem verá. Diálogos brasileiros entre Claude Lévi-Strauss, Stefan Zweig e Chico Buarque de Hollanda
Luca Bacchini*
Resumo O ensaio se propõe a questionar as formas de representação da favela e o papel que elas desenvolvem na construção da identidade nacional. Lugar do mal, símbolo anacrônico e distópico surgido no coração da modernidade urbana – e, portanto, destinado inevitavelmente à extinção – a favela é percebida ao mesmo tempo como um lugar imprescindível para o futuro da nação, onde ficam guardados os traços mais autênticos e representativos da brasilidade. Dos muitos possíveis caminhos para examinar essa complexa duplicidade, tentou-se estabelecer um diálogo entre Tristes trópicos (1955) de Claude Lévi-Strauss, Brasil, um país do futuro (1941) de Stefan Zweig e a música “Quem te viu, quem te vê” (1966) de Chico Buarque de Hollanda. Palavras-chave: favela; identidade nacional; modernidade; samba. Abstract Quem te viu, quem te vê... and who will see. Brazilian dialogues between Claude Lévi-Strauss, Stefan Zweig and Chico Buarque de Hollanda. The essay aims at interrogating the forms of representation of the favela, and the role they play in the construction of national identity. A site of evil, a timeless and dystopian symbol arisen at the heart of urban modernity – hence inescapably doomed to extinction – the favela is also perceived as crucial for the future of the nation, as a place in which the most authentic and representative traits of Brazilianness are guarded. Among the numerous possible ways to illustrate such a complex duality, this essay attempts to establish a dialogue between Tristes Tropiques (1955) by Claude Lévi-Strauss, Brasilien. Ein Land der Zukunft (1941) by Stefan Zweig, and the song “Quem te viu, quem te vê” (1966) by Chico Buarque de Hollanda. Keywords: favela; national identity; modernity; samba.
Professor contratado de Literatura