Religiões e coletividades
O presente trabalho tem como objetivo principal, mostrar que desde há algum tempo até o período atual, caracterizado como pós-modernidade, o mundo não está absolutamente fadado ao individualismo. Neste caso, trata-se daquele individualismo em que as pessoas estão destradicionalizadas e fragmentadas, a medida que se expõem às experiências proporcionadas pelo consumo. Para tentar comprovar este objetivo, tomo como bases principais duas obras de Zigmund Bauman, entre as quais estão Em busca da política e Tempos Líquidos em que o autor sustenta que as pessoas perderam a sua característica política, isto é, que deixaram de lutar por ideais coletivos, pelo bem comum e passaram a ir em busca de atividades que satisfaçam suas necessidades individuais. É, sobretudo, de extrema importância que fique bem claro que não pretendo, de modo algum, desqualificar o argumento de Bauman, até porque o mesmo comprova sua tese, ao longo de suas obras e com bastante competência, argumentando que as instituições estão organizadas de um modo tal, que é capaz de fornecer ao indivíduo a sensação de falsa liberdade. E assim sendo, o indivíduo entende que não há motivos para travar batalhas coletivas e acaba por internalizar o discurso de que se o momento em que ele vive é ruim, certamente em algum tempo anterior fora pior. A pretensão deste ensaio é de fazer apenas um breve contraponto à essas duas obras acima citadas, através da defesa do argumento de que ainda existem espaços para coletividade no contexto pós moderno e que a religião figura num desses espaços. Em primeiro lugar, trato de explicitar a posição de Bauman sobre a condição de mundo pós-moderna. Apesar de seu posicionamento ser extremamente importante, o autor trata do assunto de forma muito pragmática, na medida em que se pode concluir, através de seus argumentos que o mundo está fadado a individualidade e ao desengajamento.
Em seguida, tento mostrar que a religião pode, sim, funcionar como um remédio