religião
Ivan Ap. Manoel*
A abordagem das questões propostas pelo tema é uma tarefa que exige, preliminarmente, um estabelecimento de conceitos operacionais e normativos que permitam o entendimento razoavelmente seguro, ou menos problemático, desse universo. Religião e religiosidade são produções humanas situadas na esfera da cultura, ou da superestrutura, se quiserem; são históricas, portanto, mas que por vezes são interpretadas como a - históricas e, além disso, se propõem elas mesmas, estabelecerem um conceito e uma filosofia da história.
A complicar ainda mais o trabalho, sabemos que são múltiplas e multifacetadas as conceituações existentes sobre religião, religiosidade e história, de modo que é necessário, digamos, desbastar um pouco esse terreno para que possamos transitar melhor por ele.
O que podemos entender por história? Pergunta aparentemente despropositada após tantos séculos de estudos sobre a história humana.
Deixa, entretanto, de ser absurda quando se verifica que, no mundo ocidental, isto é, aquela parte da humanidade diretamente amoldada pelo eurocentrismo, são várias as interpretações elaboradas.
Entretanto, a multiplicidade de interpretações elaboradas no muno ocidental apresentam um traço de união, um elo ligando-as de algum modo. Iluministas, marxistas, positivistas, enfim, as racionalidades européias da passagem do século XVIII para o XIX em diante, das quais derivaram outras vertentes, tais como historicismo, culturalismo, existencialismo, etc. todas elas estabeleceram uma interpretação da história lastreada na certeza de que ela é, foi e sempre será uma produção da racionalidade e da ação humana.
Em outros termos, a história humana é produto da ação humana, sem a interferência de nenhuma força transcendente, isto é, situada fora do muno físico; a história, portanto, seria sempre imanente, conseqüentemente sempre racional, inteligível, um processo explicável por métodos e procedimentos