Religião e Relações Internacionais
Nos dias atuais, é comum entre especialistas em Relações Internacionais a temática da religião figurar somente quando o assunto é terrorismo ligado ao islamismo. É compreensível, afinal, no contexto atual a religião não parece ocupar mais o lugar central na vida ocidental. Diversos autores, há um bom tempo, vêm trabalhando com a ideia de mudança social que ocorre no que chamamos de mundo moderno. Esta mudança se caracteriza pelo papel que a religião cristã possui.
Na Idade Média, por exemplo, era a Igreja como instituição que influenciava o dia-a-dia das sociedades, tomando as decisões, não só em aspectos das organizações destas, como também influenciando diretamente a vida das pessoas . Com o advento do Estado Moderno, aos poucos, a Igreja foi perdendo cada vez mais poder político e poder de influência social, concentrando-se de fato no terreno religioso. Este panorama seria fruto do processo de secularização - declínio da capacidade de influência cultural e social da religião em estabelecer crenças, condutas e práticas dos indivíduos. Marcel Gauchet (2005) trabalha com a ideia de que o desenvolvimento da religião ao longo da história foi apenas aparente, porque levou ao distanciamento do que seria a religião original (religião primitiva), aquela que estruturava a vida das pessoas. Ele ainda afirma que o cristianismo foi a “religião para a saída da religião”. Para o autor, a religião é a forma que o homem encontrou para alienar de si mesmo a responsabilidade de transformar o mundo. Nas religiões primitivas, não existem diferenças entre o divino e o humano, como ocorre no monoteísmo, em especial, no cristianismo. A racionalidade presente no cristianismo pode ser um dos aspectos que propiciou a condição necessária para que a religião perdesse seu poder de encantamento de outrora. A referência das grandes Igrejas (ainda contextualizando o Ocidente) não afirma mais a