Artigo Religi o RI e fundamentalismo versao Temas 1

Religião, fundamentalismos e as Relações Internacionais

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Onde dois princípios que não podem ser reconciliados realmente se encontram, cada homem declara o outro um tolo e um herético.
Ludwig Wittgenstein

Leonardo Ramos

I. Introdução

Para muitos, o “ressurgimento contemporâneo da religião” – via de regra visto como fundamentalismo religioso – seria um fator extremamente significativo da política e das relações internacionais do século XXI. Tal ressurgimento estaria ocorrendo em várias regiões do mundo e nas grandes religiões mundiais, o que poderia ser visto como um processo reverso ao até então inexorável processo de secularização e modernização – ou seja, estaríamos vivenciando um processo de dessecularização. Não obstante, uma questão que surge neste processo diz respeito à relação entre religião e relações internacionais e, mais propriamente, como, neste processo, se expressa o fenômeno do fundamentalismo.
Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo fazer uma releitura dessa relação buscando, assim, uma melhor compreensão do fenômeno do fundamentalismo e de sua expressão nas relações internacionais. A hipótese aqui é a de que a associação corrente entre fundamentalismo e religião não apenas limita o potencial heurístico do conceito de fundamentalismo mas também dificulta uma melhor compreensão do próprio fenômeno religioso em si e seus impactos nas relações internacionais – como por exemplo no que concerne às questões relacionadas do secularismo.
Assim, a estrutura do artigo será a seguinte: em primeiro lugar, será feita uma breve introdução ao resgate feito, nos últimos anos, da temática religiosa nos estudos internacionais. após identificar o debate e seus respectivos limites, atenção será dada, em um segundo momento, ao modelo analítico que servirá de base para a presente análise – a saber, a filosofia da ideia cosmonômica e sua leitura acerca dos aspectos modais da realidade. Tal discussão será