Religiao
A Igreja a cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II
Introdução: a) A atualidade da análise de conjuntura. As costumeiras análises de conjuntura são parte de um método de conhecimento em contexto de um paradigma que sublinha a consciência histórica, crítica e forte para o discernimento. Este paradigma adquiriu grande força na Igreja em torno do Concílio Vaticano II, mas agora está debilitado por diversas razões: seja pela natural fadiga do método, seja pela entrada da pós-modernidade em nosso atual contexto cultural, que facilita mais o fundamentalismo sem consciência histórica e crítica. Além disso, a exacerbação da subjetividade em questões de valores e avaliações provoca fragmentação de análises. Finalmente, a impossibilidade de neutralidade e os interesses diversos guiam os juízos de valor para direções diferentes. Evidentemente a Igreja tem contexto e interesse explicitamente pastoral e evangelizador, mas também em pastoral há contextos e interesses diversos. A leitura da realidade – em nosso caso, eclesial – nunca é neutra ou totalmente objetiva. Por isso esta leitura é apenas uma introdução para um debate que pode dar conta de forma mais adequada de nossa complexa realidade eclesial.
b) Globalização e catolicidade. Pode-se constatar um paralelismo entre a globalização e a catolicidade. A globalização derruba as fronteiras nacionais, seja negativamente por uma forma neoliberal devastadora de todo tipo de fronteiras, seja positivamente pela percepção, facilitada pela cultura de comunicação, de que somos “uma grande família humana”. No estado atual da Igreja, como das religiões e dos povos há uma percepção crescente de que estamos também todos juntos numa “grande família”, todos no mesmo barco, portanto um crescimento de “catolicidade”. Por paradoxal que pareça, a globalização do cristianismo e da