Relação na mitologia e racionalidade filosófica de cosmos
O homem desde sua existência remota no mundo sentiu necessidade de dar-lhe sentido e ordem. Em diferentes lugares e épocas buscou paradigmas que servissem de sustentação, tanto na dimensão individual quanto na escala social. Por entender que a vida seria mais segura na possibilidade do convívio e ordem social, definiu valores e regulação para essa existência. Por conseguinte o próprio mundo foi objeto dessa regulação, e seria o sólido fundamento daquela sustentação legitimadora de valores que se revestiriam de forma natural.
Parece que em todas as culturas a primeira experiência de ordenamento de mundo foi pela via mitológica. Todavia, variando nas diferentes culturas suas narrativas. Tomando o exemplo grego, podemos citar Homero com suas epopeias, a Ilíada e a Odisseia, contando fatos heroicos em que os deuses dão a base explicativa para os fenômenos naturais, que então careciam de uma explicação racional ordenadora, (me refiro a racional no sentido moderno, pois há um imperativo de racionalidade de base na justificativa do mito). Hesíodo também nos legou a cosmogonia grega, através do mito em sua obra Teogonia, que legislada apenas pelo próprio fenômeno adquirem expressão na manifestação dos vícios e virtudes dos deuses que regeriam cada manifestação cósmica e modelariam o comportamento humano.
Com o surgimento do pensamento filosófico o mito antropomórfico já não mais satisfaz. Triunfa a necessidade de uma explicação fundada mesmo no racional para formular a ordem do cosmos, ordem essa que também vem atender a busca de ordem social, que organizasse a vida e eliminasse o caos desagregador. Por não se ancorar mais em seres deificados e antropomorfizados, a filosofia se vale do pensamento crítico radical, mesmo que insipiente no primeiro momento de sua aventura pela lógica e dialética que lhes caracteriza. É preciso reconhecer, porém, que o mito até nossos dias não tenha deixado de ser uma força de