Relação homem x natureza
Por que o homem está cada dia menos preocupado com o meio ambiente, seu habitat? Tal postura sempre foi assim? São perguntas que todos nós fazemos, pois não é de hoje que ouvimos falar dos impactos ambientais que o planeta vem sofrendo por conta da ação do homem na natureza com objetivo de extração econômica dos recursos naturais e uso e ocupação inadequados do solo. Contudo, é frequente encontrar afirmações de que as ações humanas nem sempre foram assim e que as sociedades primitivas estabeleciam relações harmônicas com a natureza, pois tais relações eram permeadas de mitos, rituais e magia. Foladori e Taks (2004) argumentam que é difícil de imaginar, mesmo no caso de grupos pequenos, a existência de sociedades com um grau de consciência ecológica. Segundo estes autores, há cerca de 12 mil anos, quando o homem cruzou a "ponte" de Beringia do nordeste asiático para o Alasca, participou na extinção de mamutes, mastodontes e outros grandes mamíferos, à medida que avançava rumo ao sul do continente. Em suas atividades de coleta e de caça, os hominídeos adquiriram parasitas próprios aos primatas e outros microrganismos, que transformaram os ecossistemas. A domesticação de plantas e animais, há aproximadamente 10 mil anos, implicou alterações radicais, com o sedentarismo, novas dietas, concentrações populacionais e de lixo, de animais domésticos e de plantas, que afetaram radicalmente a coevolução dos microrganismos. É possível que muitas infecções contemporâneas (tuberculose, antraz, brucelose etc.) tenham sua origem na domesticação de animais, no contato direto com eles e no consumo de seus produtos.
Segundo Ingerson (1994, 1997), aqueles que supunham que a degradação ambiental era uma prerrogativa da sociedade industrial ou capitalista e cultivavam o "mito do bom selvagem" como uma ferramenta de esperança frente à degradação ecológica contemporânea, sentem-se frustrados e vêem-se sem alternativa já que a degradação ambiental parece ser