Reflexões sobre o dialogismo em Bakhtin

Reflexões sobre o Dialogismo em Bakhtin

Considerado o princípio basilar da concepção de linguagem de Bakhtin, a noção de dialogismo tem sido utilizada de diversas maneiras nas diferentes áreas de conhecimento. Uma delas, a mais corriqueira, compreende essa noção como a relação entre duas pessoas, duas obras, etc. No entanto, o princípio do dialogismo vai além dessa definição. A essência do dialogismo parece residir na interação que se estabelece entre eu e o outro de maneira dialética, o que pode acontecer em presença ou em ausência, visto que esse eu é coletivo e está carregado, assim, como o outro de um contexto sócio-histórico e ideológico. Afirma Bakhtin (2004, p. 123) o diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro, senão uma das formas, é verdade que das mais importantes, da interação verbal. Mas pode-se compreender a palavra “diálogo” num sentido amplo, isto é, não apenas como comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja.
Dessa forma, Bakhtin considera as relações dialógicas de modo muito peculiar e afirma que estas não podem ser reduzidas às relações que se estabelecem entre as réplicas entre duas pessoas. Ele entende as relações dialógicas como relações de sentido, quer seja enunciados de um diálogo real e específico, quer seja no âmbito mais amplo do discurso das ideias criadas por vários autores ao longo do tempo e em espaços distintos.
Nesse sentido, Brait (2008, p. 94-95) afirma que o dialogismo diz respeito ao permanente dialogo, nem sempre harmonioso, existente entre os diferentes discursos que configuram uma comunidade, uma cultura, uma sociedade. É nesse sentido que podemos interpretar o dialogismo como elemento que instaura a constitutiva natureza interdiscursiva da linguagem.
Bakhtin afirma, então, a partir de sua concepção de dialogismo, que a verdadeira substância da linguagem é a interação verbal. Portanto, ignorar a natureza social e dialógica do