Plauto
A DIALOGIZAÇÃO DO TRÁGICO E DO CÔMICO NO ANFITRIÃO, DE PLAUTO Leandro Dorval Cardoso ______________________________________________________________________________
RESUMO: A partir das considerações de Mikhail Bakhtin sobre os gêneros do discurso, o dialogismo e o plurilingüismo e sobre o discurso no romance, o presente trabalho propõe uma abordagem da incorporação de traços composicionais da Tragédia na Comédia Anfitrião, de Tito Mácio Plauto, bem como do seu funcionamento dentro do texto plautino. Através desses conceitos, foi possível lançar uma outra luz sobre essa utilização de traços genéricos estranhos à Comédia, o que possibilitou uma leitura que destacasse a vinculação entre a história do mito do nascimento de Hércules tal qual representado pelo comediógrafo latino e as estruturas composicionais da peça, para além de ressaltar, nos moldes do dialogismo e do plurilingüismo bakhtinianos, o tratamento cômico dispensado por Plauto aos traços trágicos por ele incorporados. PALAVRAS-CHAVE: Plurilingüismo; Dialogismo; Gêneros do Discurso; Anfitrião; Plauto
É comum na recepção crítica do Anfitrião, de Plauto, que se aborde a questão da presença de traços da Tragédia na sua composição. Tal recorrência existe, é fato, por conta de dois motivos específicos: i) o fato de o enredo da peça ser construído sobre o mito do nascimento de Hércules – mais especificamente a cena da sedução de Alcmena por Júpiter; ii) a discussão sobre a questão do gênero feita por Mercúrio no prólogo à peça – baseado na presença e, fundamentalmente, na atuação de deuses e escravos na trama, Mercúrio diz que a peça não pode ser classificada senão como uma tragicomédia. Pode-se tomar como um bem sucedido exemplo dessa recepção crítica o artigo O Anfitrião, de Plauto: uma Tragicomédia? (CARDOSO: 2008), da autoria de Zélia de Almeida Cardoso. Na sua abordagem da peça plautina, a autora se detém especialmente sobre as duas especificidades composicionais do Anfitrião anteriormente