Bakhtin
Bakhtin
Lucilha de Oliveira
Magalhães
Lucilha de Oliveira Magalhães *
FIORIN: José Luiz de.
Introdução ao pensamento de
Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.
Locus: revista de história, Juiz de Fora,
v. 13, n. 1,
p. 210-215, 2007
210
Mikhail Mikhailovitch Bakhtin (1895-1975) é um teórico da linguagem, que a despeito das mais agudas privações materiais, de doenças crônicas por que foi acometido, de perseguições, prisão e exílio, deixou uma produção intelectual de grande significado para as Ciências
Humanas. Suas teorias vêm sendo descobertas, estudadas por diferentes áreas do conhecimento e propagadas pelo mundo, principalmente a partir de 1967, quando Julia Kristeva, intelectual búlgara radicada na
França, publicou um estudo sobre Dostoievski e Rabelais sob o título:
Bakhtin, o discurso, o diálogo, o romance.
Em suas reflexões, esse teórico russo desenvolveu e aprimorou uma teoria inovadora e incitante, perpassando pelo estudo do indivíduo por meio de questões relativas à teoria geral da literatura e da cultura, pelo desenvolvimento histórico de ambas, concluindo com a análise do povo e sua produção cultural. Ainda que o conjunto de sua obra se caracterize pela interdisciplinaridade, a partir de uma abordagem dialética de questões relacionadas à filosofia, lingüística, psicanálise, teologia, poética, teoria social e literária, manteve uma unidade de pensamento através da centralidade da linguagem.
Segundo este filósofo, toda compreensão de um texto, falado ou escrito, implica uma responsividade e, conseqüentemente, em um juízo de valor. O que isto quer dizer é que, ao se apropriar de um determinado texto, o leitor se posiciona em relação a ele, por meio de atitudes distintas: pode concordar ou não, pode adaptá-lo, pode acrescentar ou retirar informações, pode exaltá-lo... Ou seja, sua reação consiste numa resposta, o que caracteriza uma compreensão responsiva ativa. Buscando uma