BAKHTIN Mikhail
(orelha do livro)
Mikhail Bakhtin
Publicado na Rússia em 1929 e assinado por V. N. Volochínov,
Marxismo e Filosofia da Linguagem foi posteriormente atribuído a M.
Bakhtin. Não são claras as razões efetivas que teriam levado Bakhtin a escolher o nome de um dos seus amigos e discípulos para subscrever a autoria do livro. O fato é que o leitor encontrará aqui vários pontos comuns com A Poética de Dostoievski e mesmo com a sua obra sobre
Rabelais e a cultura popular.
Volochinov, assim como o teórico da literatura Medviédiev – outro intelectual que participava das indagações e pesquisas sobre o chamado método sociológico –, foi vítima dos expurgos stalinistas no começo da década de 30. Desapareceu desde então, ficando o livro, por muitos anos, relegado ao esquecimento oficial com que os autoritarismos sabem sempre brindar a reflexão crítica.
É em meio à controvérsia de que era objeto o formalismo que se dá a sua publicação. O esforço, que nele se observa, para desenvolver uma filosofia da linguagem de fundamento marxista, sem as paranóias histéricas das receitas oficiais, é admirável. A natureza ideológica do signo lingüístico, o dinamismo próprio de suas significações, a alteridade que lhes é constitutiva, o signo como arena da luta de classes, as críticas ao conservadorismo das posições formalistas; as críticas a Saussure e, lidas hoje, sua adequação ao estruturalismo, os fenômenos de enunciação que a semântica moderna tanto preza, as análises dos diferentes tipos de discurso (direto, indireto, indireto livre, etc.) são alguns dos temas que o leitor encontrará, neste livro, discutidos, às vezes, com desenvoltura e perspicácia que não decepcionam. Em 1950, publica o Pravda a célebre entrevista de Stálin na qual, repudiando a natureza superestrutural do fenômeno da linguagem, exorcizava ainda o até então lingüista oficial da U.R.S.S., N. Marr.
No pronunciamento de Stá1in, se a recusa se faz no que diz respeito ao mecanicismo das