Reflexão sobre o filme Matrix
No início do filme já nos deparamos com uma questão existencialista fundamental, que diz respeito à escolha e destino. O embate desta escolha, com a liberdade de ter o controle da sua própria vida, com o destino, de “se escolher o que já fora escolhido”, fica evidentemente marcado em várias cenas. Outra questão existencialista abordada é a angústia da existência, na sensação constante de que alguma coisa está errada no mundo, demonstrada num diálogo entre o Morpheu e o Neo. Outras citações existencialistas relevantes são: a ignorância e o esquecimento da morte é o que nos faz viver, pois desde quando nasce a única coisa que é verdade é a morte. No trecho em que O agente Smith relata a construção da 1ª matrix fica claro este conceito, pois é dito que havia sido um desastre o programa por ter sido projetado para oferecer um mundo perfeito aos humanos. Como o mundo perfeito não fornecia obstáculos, nada para “correr atrás”, não havia a ocupação necessária para o esquecimento da morte, causando o incômodo do vazio da existência.
Os conceitos de Descartes ficam evidentes tanto em algumas cenas específicas como no tema do filme, com a noção de que tudo vivenciado pode ser apenas fruto da imaginação, do sonho, de uma matrix. A dissociação do corpo e mente é explorada pela forma de “viagem” pela matrix, onde as ações ocorrem em um mundo paralelo, fazendo uma referência clara ao dualismo cartesiano com a sua substância pensante e substância corpórea. Também segundo Descartes, o mundo material seria despojado de realidade própria, sendo criado a cada instante por Deus, retratado no filme como a matrix. A rebelião e a liberdade tão almejada ao longo do filme nos remetem a Descartes, pois, conforme sua resposta à sexta objeção, “a indiferença não é da essência da liberdade humana, visto que não somos livres apenas quando a ignorância do bem e do verdadeiro nos torna indiferentes, mas principalmente quando o claro e o distinto