Recursos humanos
por Beatriz Maria Braga Lacombe FGV-EAESP e Pedro F. Bendassolli USP
Observadores da gestão de pessoas costumam ressaltar que um traço de identidade forte dessa função é a contradição. Uma das contradições mais importantes relaciona-se com o duplo compromisso com os indivíduos e com o negócio. Como um pêndulo, ora a ênfase das ações oscila para a ponta humanista (o canto dos indivíduos, da qualidade de vida no trabalho e da motivação), ora descola-se para a ponta instrumental (o canto do alinhamento estratégico e da busca de resultados). Ao longo do tempo, a gestão de pessoas e a área especí-
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fica de RH vêm buscando encontrar soluções para essa contradição. Pré-história. As primeiras notícias sobre gestão de pessoas no Brasil datam do final do século XIX e começo do século XX. No contexto internacional, ocorria um movimento de industrialização e mecanização. No Brasil, a economia era dominada pelas atividades agrícolas e o nível de industrialização era incipiente, mas o país se urbanizava e a migração interna crescia vigorosamente. O fim da escravidão gerava um enorme contingente de indivíduos sem trabalho, enquanto imigrantes europeus completavam a força de trabalho disponível. De forma geral, o nível de qualificação era baixo e a atitude geral, dócil. A autoridade dos patrões era sagrada e a distância entre patrão e empregado, intransponível. Nesse contexto predominavam as empresas familiares, paternalistas e autocráticas, e a gestão de pessoas apresentava grandes variações caso a caso. O departamento de pessoal, ainda em estado embrionário de desenvolvimento, tinha como principal, senão única, atividade a manutenção de um livro de registros, no qual se anotavam os nomes, salários, contratações e demissões dos empregados.
tretanto, apesar de os sindicatos terem também aqui se fortalecido, viviam no Brasil uma situação diferente da existente em outros países, em função de sua relação de dependência do Estado. A