Racismo Direitos Humanos
Não existe raça. 99,5% do nosso DNA é idêntico ao de qualquer outro ser humano, os outros 0,5% são suficientes para garantir que, a menos que tenhamos um gêmeo idêntico, nós sejamos únicos e diferentes de qualquer outro ser humano no mundo inteiro. O mito de que existem raças serviu para historicamente dividir os seres humanos em categorias diferentes, o que levou a discriminação, explorações, e até atrocidades, como o exemplo do holocausto nazista. A razão do nosso genoma ser tão parecido é que somos uma espécie relativamente jovem. Apenas há 200 mil anos a humanidade moderna surgiu na África, e há 60 mil anos, começou a se espalhar pelos outros continentes. Por isso, podemos falar em cor, em etnia, mas a palavra raça perde sentido, mesmo que não perca o uso.
Entrevista com Pierre-André Taguieff, filósofo e cientista francês:
SUPER — Qual é a essência do racismo?
TAGUIEFF — A essência do pensamento racista é que as raças são quase espécies, sem ligação entre si. Esta visão é impossível de sustentar em termos biológicos, pois existe interfecundidade entre as populações humanas. Os teóricos do racismo biológico se ajeitaram, no entanto, para rebater da seguinte forma: de fato, existe interfecundidade, mas o fruto desta mistura são seres caóticos. Um mestiço não é nem de uma raça nem de outra, nem de uma cultura nem de outra. A essência do racismo é o que chamo de mixofobia, um neologismo que criei para designar a fobia da mistura. Este é um dos raros mitos do mundo moderno: o mito da pureza.
SUPER — O homem é intrinsecamente preconceituoso?
TAGUIEFF — O racismo tem duas fontes: uma instintiva e outra histórica. A origem daquilo que chamamos racismo encontra-se enraizada no comportamento instintivo de preservação do território, da defesa deste território. É um comportamento primário, original. Mas não foi esta fonte que fomentou o racismo elaborado que conhecemos hoje. Este fenômeno data da modernidade ocidental é histórico. O racismo elaborado