GEOPOLITICA
A). Os dispositivos geopolíticos
Todo o país, para assegurar o sucesso das suas políticas ou seus objectivos no conjunto dos outros países, introduz um dispositivo diplomático ou um dispositivo de gestão das suas relações exteriores. De facto, o país introduz uma rede hierarquizada de dispositivos do forum público e oficial, das alianças ou de influências. Contudo, essa rede hierarquizada de dispositivos tem a particularidade de, ao mesmo tempo, ser estável e instável. É estável no âmbito dos seus objectivos mas instável nos seus meios, dado que as prioridades de um país evoluem com o tempo. Mercê dessa evolução, tais prioridades podem ser re-hierarquizadas em função das prioridades do momento ou da evolução da conjuntura regional e internacional.
Os principais dispositivos geopolíticos revelam-se nas alianças, que, na verdade, são consideradas o pão quotidiano da geopolítica, mas cuja particularidade encontra-se nessa mística entre a estabilidade e a instabilidade e, fundamentalmente, a sua temporalidade. Tem se dito que em política não existem amigos nem inimigos eternos. As alianças são momentâneas. A história está repleta de exemplos práticos, com países que eram aliados e que acabaram sendo antagónicos tais como: (i) questão russo-alemã sobre a Polónia; (ii) a mudança de posicionamento da Itália, durante a Segunda Guerra, que tendo começado no eixo terminou nos aliados; (iii) a neutralidade de Portugal durante a II Guerra Mundial, pois apesar de ser um país fascista, com o seu alinhamento político com o franquismo, o nazismo e o fascismo não impediu aquele posicionamento durante a guerra; (iv) na zona Austral do continente africano, quando todos os países condenavam a África do Sul, durante a década de 60/70 do século XX, Portugal foi um aliado declarado do mesmo; (v) a África do Sul foi inimiga de Moçambique, até ao Acordo de Nkomati, mas virou uma das principais parceiras do país no período pós-Nkomati (1984) e,