quimica
Alice Ribeiro Casimiro Lopes
Originalmente publicado em Química Nova na Escola, n. 4, novembro 1996
Apoio: Sociedade Brasileira de Química
Edição: Leila Cardoso Teruya
Coordenação: Guilherme Andrade Marson
Em nossas aulas de Química, trabalhamos com diferentes conceitos que nem sempre são objetos de uma devida análise. Tendemos a abordá-los como equivalentes a definições, capazes, no máximo, de permitir a instrumentalização dos estudantes para resolução de exercícios esquemáticos. Nesse processo, o conceito científico é retirado de seu contexto original e traduzido para o contexto escolar de forma empobrecida ou mesmo equivocada. Por outro lado, diferentes conceitos que se inter-relacionam são tratados de forma desconexa, como se nada tivessem em comum.
Muitos desses problemas originam-se das inúmeras diferenças entre o contexto da produção científica e o contexto escolar. O contexto de produção científica é um contexto em que o erro possui uma função positiva. Nesse caso, o erro não é um acidente lamentável, uma imperícia a ser evitada ou uma anomalia a ser extirpada. Ao contrário, a construção do conhecimento científico é um processo de produção de verdades provisórias, verdades essas que são elaboradas a partir da superação dos primeiros erros. Assim sendo, o erro possui um caráter construtivo na ciência: precisamos errar para, a partir da retificação de nossos erros, construir as verdades científicas. Dessa forma, a própria questão da verdade se modifica. Não devemos nos referir à verdade como algo que se alcança em definitivo. Podemos falar das verdades, múltiplas, históricas, proposições que só adquirem sentido a partir de uma polêmica capaz de retificar os primeiros erros. Assim, quando nos referimos a uma verdade como científica, devemos ter em mente seu caráter provisório: a permanência, a resistência à mudança e à retificação não são atributos científicos.
O contexto escolar, ao