Questão social
A cena é comum e muitas vezes é triste e constrangedora. A primeira sensação que temos é de medo e de susto, e então procuramos evitar qualquer contato temendo alguma agressão. Afinal, ouvimos e lemos histórias que nos contam e nos enchem de medo e até de pavor, relacionadas a essas pessoas que vivem nas ruas ou praças e dormem sob pontes ou marquises. Por isto tratamos sempre de evitá-las.
Evitamos qualquer contato e passamos de largo evitando até olhar à distância, pois se trata de alguém supostamente perigoso, demente, um indigente que pode nos atacar, nos ferir ou mesmo nos matar. Esta, em geral, é a reação da sociedade diante de um ser humano que por algum motivo se encontra na rua abandonado e, na maioria das vezes, sem nenhuma esperança.
Todos eles têm a sua história e os motivos que os levaram a viver esta vida que considero pior do que se fosse de um animal. Mas eles são seres humanos! Um dia tiveram uma família, um lar e uma posição social. Em geral, o motivo que os levaram a esta vida é as drogas nas suas diversas formas e variedades. Dizem que as drogas são um caminho sem volta, mas o único caminho sem volta é a morte.
Deve ser muito triste viver sem uma família, sozinho e esquecido, muitas vezes sendo tratado como se fizesse parte do lixo. Deve ser muito triste não ter para onde voltar quando o sol se esconde e as sombras crescem anunciando a chegada da noite. A noite geralmente é fria, perigosa e escura e nos remete ao abandono e à solidão total. Imagine dormir sobre a calçada, sobre um banco, sem cobertor e muitas vezes coberto por alguns jornais tendo como companheira a solidão e o pesadelo.
Vamos refletir um pouco sobre esta triste situação hoje quando a sensibilidade é mais aguçada e se fala tanto na fraternidade cristã. Muitos estão ocupados com festa, gastos exorbitantes e desnecessários, com presentes e ostentação. Vamos lembrar, nem que seja por um minuto, de nossos irmãos que são moradores de rua e perambulam