Quem ama é diferente de quem vê
Alberto Caeiro
QUEM AMA É DIFERENTE DE QUEM É
Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei-de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo. Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém.
QUEM AMA É DIFERENTE DE QUEM É
Interpretação
O autor começa por fazer distinção entre o presente e o passado.
Hoje ele acorda com sensações, antes simplesmente acordava.
É uma mistura de sensações, sente alegria e pena.
Alegria pelos seus sonhos, e pena porque não consegue realizalos, perde-os.
Antigamente conseguia viver sozinho, hoje não consegue, não sabe como lidar com as emoções.
Destaca-se a diferença que faz entre quem ama e quem não ama
- “Quem ama é diferente de quem é. / É a mesma pessoa sem ninguém
Alberto Caeiro
O poeta …
Vê
a realidade de forma objectiva e natural
Aceita
a realidade tal como é, de forma tranquila; vê um mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso.
Recusa
Poeta
o pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o sentimentalismo social e individual.
da Natureza
Personifica
Simples
o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza
“guardador de rebanhos”
Inexistência
Poeta
de tempo (associação do tempo)
sensacionista (sensações): especial importância do acto de ver
Inocência
Mestre
e constante novidade das coisas
de Pessoa e dos outros heterónimos
Relação
com Pessoa Ortónimo – elimina a dor de pensar
Relação
com Pessoa Ortónimo, Campos e Reis – regressa às origens, ao gentilismo primitivo, à sinceridade plena