Quanto vale ou é por quilo
Bianchi utiliza-se de fatos históricos, contidos nos autos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, para fazer um paralelo entre o antigo regime escravagista do século XIX e o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs) nos dias atuais.
O enredo do filme gira em torno de uma ONG que compra computadores com a finalidade de ajudar uma comunidade carente. Descobre-se mais tarde, no entanto, que essa compra foi superfaturada. As pessoas que teriam sido supostamente ajudadas pela ONG se revoltam contra a instituição. Os responsáveis pela ONG, por sua vez, se defendem das acusações dizendo que a se trata de uma empresa e, assim como as demais, tem a finalidade de obter lucro por meio da beneficência social como propaganda.
Em algumas cenas é possível ver pessoas dizerem que ajudam o próximo, contudo, seu objetivo final é obter lucros financeiros, posição social e status. Outras são violentas e preconceituosas e, mesmo com o passar dos anos, carregam o medo no coração. A fartura é ostentada pelos ricos e contratada com a fome e a miséria que sofrem as pessoas mais carentes.
Polêmico e audacioso, o filme leva a uma reflexão sobre assuntos como a ganância humana, que leva o homem a fazer de seus semelhantes um produto à venda como meio de obter lucros; o desprezo pela honestidade; a ostentação; a fragilidade e a maleabilidade daqueles que, diante de problemas como a fome, sobrepujam seu caráter em busca de meios para levar dignidade à sua