Psicopatologia descritiva
Texto adaptado do livro Sintomas da Mente - Andrew Sims "O que a alma é, não nos cabe saber; com o que ela se parece, quais são suas manifestações, é de grande importância." (Juan Luis Vives - 1538 - De Anima et Vita)
A aplicação precisa da psicopatologia descritiva na prática da psiquiatria é necessária, no mínimo, pelas três razões seguintes:
1. A psicopatologia descritiva é a ferramenta profissional fundamental do psiquiatra; ela é possivelmente, a única ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra.
2. A psicopatologia descritiva diz respeito mais do que à simples realização de uma entrevista clínica com o paciente, ou, até mesmo, ter que escutá-lo, embora deva envolver ambos, necessariamente.
3. A psicopatologia descritiva tem utilidade e aplicação clínica. É claro que, para a prática racional da psiquiatria, é necessário o conhecimento de neurociências básicas; o conhecimento factual apropriado da psicologia, da sociologia e da antropologia social também é necessário. Com estes, há uma necessidade de um conhecimento operacional abrangente de medicina geral, especialmente neurologia e endocrinologia. Esta poderia ser considerada a base mínima de conhecimentos, essencial para a prática da psiquiatria.
As bases acadêmicas fundamentais de psiquiatria, no entanto, não são as descritas aqui, e sim a epidemiologia psiquiátrica e a psicopatologia descritiva. A epidemiologia é o estudo da distribuição da doença ou transtorno em uma população definida; na psiquiatria, portanto, ela refere-se ao conhecimento da incidência e da prevalência de diferentes condições psiquiátricas dentro de distintos grupos de pessoas. A psicopatologia descritiva, como ferramenta exclusiva do psiquiatra, pode ser comparada à anamnese e ao exame médico, ferramentas exclusivas do profissional médico. O psiquiatra acrescenta a essas ferramentas gerais da prática médica, de anamnese e exame, os