Psicologia
No que diz respeito ao grafismo infantil, encontramos autores que demonstram convergir em algumas questões, como é o caso de Luquet (1927), Florence Mèredieu (2006) e Lowenfeld (1977). Sob essa perspectiva, a evolução da produção gráfica se dá na medida em que a criança passa por processos de “maturação nas áreas neuromotora, sócio-afetiva e cognitiva” (SILVA, 1993, p.02). De acordo com Mèredieu (2006), Luquet (1927) foi um dos primeiros estudiosos a apontar fases entre os traçados expressos pela criança. Dividindo-os em quatro etapas baseadas em idades, o autor apresenta o percurso percorrido pelo desenho infantil como algo universal, apesar de considerar de certa forma, a atuação do adulto no processo de desenvolvimento das técnicas gráficas utilizadas pela criança. Primeiro Luquet (Apud Mèredieu) reconhece o estágio do Realismo Fortuito (inicia-se ao redor dos dois anos de idade), período em que a prática dos rabiscos chega ao fim, uma vez que a criança promove ligações entre os traços realizados por ela e os objetos ao seu redor, nomeando assim, suas produções. Como segunda fase, o autor apresenta o Realismo Fracassado (inicia-se entre os três-quatro anos), caracterizado pelo momento em que a criança percebe a relação entre o objeto e forma, procurando dessa maneira reproduzir o objeto em seus desenhos, os quais serão compostos por tentativas fracassadas ou não. Posteriormente, encontra-se o Realismo Intelectual (dos quatro aos dez-doze anos), etapa marcada por aspectos provindos do que a criança já possui conhecimento, ou seja, nesse período o sujeito não desenha o que está vendo, mas o que sabe a respeito dos objetos. Desse modo, o grafismo em plano deitado (visto de cima) e a transparência (quando a criança representa o objeto como um todo, ou seja, desenha tanto a parte de fora da casa com janelas e portas, quanto a parte interior, com móveis e outros objetos) se configuram como uma das características