PSICOLOGIA
Promovendo resiliência em vítimas de trauma psicológico
Julio F. P. Peres*
Juliane P. P. Mercante**
Antonia G. Nasello***
INTRODUÇÃO
Ao longo da vida, estima-se que 51,2% das mu lh ere s e 6 0,7% dos h ome ns te nh am vi ve nci ad o p el o m en os um ev en to potencialmente traumático 1. Entretanto, os ev entos traum ático s e m si não s ão determinantes isolados ou exclusivos do desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
Ex pe riê nc ias p ote nc ia lme nte i nt ens as e devastadoras possuem efeitos variáveis 2,3 .
Es tu dos reve la m u m gra u de va rie da de interindividual no processamento da memória de eventos de vida e das emoções básicas 4, enfraquecendo o conceito de “reação universal ao trau ma ” 5,6 . Mu itas víti ma s d e trau ma proc ura m ap oio p rofis sio na l, li te rat ura, su pe rvi são e am iz ade , enq uan to ou tras enfatizam o colapso e/ou a vitimização 7 .
Em bora exi sta m alg uma s dif ere nç as qualitativas significativas em como as pessoas traumatizadas e não-traumatizadas processam e categorizam suas experiências 8, as perguntas cruciais permanecem: o que faz alguns dos indivíduos submetidos aos mesmos eventos estressores desenvolverem patologias e outros nã o? Qu ai s s ão os p red it ore s ao desenvolvimento de resultados positivos? Tais fatores poderiam ser úteis no tratamento das vítimas de trauma psicológico? Para responder parcialmente a essas perguntas, este artigo discutirá o relacionamento entre as dinâmicas psicológicas individuais e a maneira como os ev en tos t rau má tic os sã o pro ce ssa do s.
Trab alh an do co m o s diá lo gos i nte rn os es ta bel ec ido s com o e ven to trau mát ic o, pret en dem os co nt ri bui r com n ov as perspectivas psicoterapêuticas, a fim de tornar o tratamento de indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) mais eficiente.
* Neurociências e Comportamento. Instituto de Psicologia, Universidade de São