psicologia
(Do livro “A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humana”s / Christian LaviIle e Jean Dionne; tradução Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. — Porto Alegre : Artmed ; Belo Horizonte : Editora UFMG, 1999)
Seguindo o modelo das ciências da natureza as ciências humanas desenvolvem-se durante a segunda metade do século XIX. Até então, o estudo do homem social havia permanecido entre os filósofos, do qual trataram, muitas vezes, de maneira brilhante. No século precedente, as especulações dos filósofos tiveram uma considerável influência na concepção das sociedades e de seu governo. Suas idéias — universalidade dos direitos, igualdades, liberdades sociais e econômicas, contrato social entre os dirigentes e os povos, livre arbítrio — foram adotadas por numerosos dirigentes e, sob a influência da classe burguesa, conduziram inclusive grandes revoluções, sobretudo na América e na França.
Há muito tempo, por outro lado, filósofos tinham se debruçado sobre esses objetos de estudo hoje confiados às ciências humanas. Desde a longínqua Antigüidade, pensadores como Tucídides, na história, Ptolomeu, na geografia, Xenofonte, na antropologia (ao menos, o que se ficaria tentado a chamar atualmente de história, geografia, antropologia), e vários outros o haviam feito. Mas o século XIX desejava, no domínio do saber sobre o homem e a sociedade, conhecimentos tão confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física, retirados de qualquer princípio de interpretação anterior ou exterior, especialmente religioso. O método empregado no campo da natureza parece tão eficaz que não se vê razão pela qual também não se aplicaria ao ser humano. E com esse espírito e com essa preocupação que se desenvolvem — serão inventadas, poder-se-ia dizer — as ciências humanas na segunda metade do século XIX.
Desenvolvem-se, segundo uma concepção da construção do saber científico nomeada positivismo, cujas