Psicologia e paradigma
Em sua tese sobre a ciência, Thomas Kuhn propõe que o desenvolvimento típico da ciência se dá no decorrer da estrutura: fase pré paradigmática – ciência normal – crise – nova ciência normal – crise (...).
O que Kuhn chama de “fase pré-paradigmática” diz respeito àquele período no qual prevalece a divergência entre os pesquisadores sobre quais fenômenos devem ser estudados, sobre qual olhar teórico devem ser explicados, quais métodos utilizar etc.
Para o autor, uma disciplina só se torna uma ciência quando adquire um paradigma - “paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornece problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (Kuhn, 1991,p.13). O paradigma se constitui como uma rede de compromissos conceituais, teóricos, metodológicos e instrumentais compartilhados.
Para que exista um paradigma na psicologia, ele deve atender ao critério de “universalidade de acordo” – o paradigma no “sentindo kuhniano” tem como exigência “uma aceitação mais ou menos inequívoca e unânime” pelos membros de uma comunidade científica. Assim, as diversas abordagens existentes – psicanálise, psicologia comportamental, humanista, cognitiva etc. – e seus estudiosos precisam estar razoavelmente de acordo sobre tal paradigma para que ele possa ser, de fato, considerado como tal.
Kuhn diz ainda que: “Para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que as suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada.”. Nenhum cientista, tratando da psicologia, poderia dizer que esta ou aquela abordagem é melhor que as demais – se não os próprios estudiosos dessas abordagens.
REFERÊNCIAS:
KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991
KUHN, Thomas. S. (1962/2007). A estrutura das revoluções científicas (9ª ed.). São Paulo: Perspectiva.