Psicologia na adocao
Essa observação vem a propósito da tentativa de entender o sentido do filho para a pessoa humana. O filho será sempre um sonho, mesmo que, ás vezes, se torne um pesadelo diante das fantasias e dos desejos que acalentamos em nosso psiquismo. Sonho e realidade se complementam no processo de geração e interação com o filho.
“O filho é a resultante esperada da relação homem-mulher; é como se o equilíbrio se completasse a partir de um terceiro referencial. É o filho que dá sentido ao casal. Sem dúvida, é da interação dessas três forças – que oferecem, reciprocamente, apoio e harmonia no sistema de dar e receber – que surge a verdadeira unidade. Falamos aqui, portanto, de uma triunidade, não no sentido aritmético, mas no sentido de uma dimensão ética, segundo a qual as relações interpessoais ocorrem de uma forma harmônica e complementar. É oportuno lembrar que a unidade pressupõe a diversidade, assim como a semelhança pressupõe a diferença, mas, nesse caso, as diferenças – que marcam o caráter na individualidade – aproximam e deixam transparecer o todo, o conjunto” (Cf. Schettini).
A busca do filho resulta, portanto, de uma conjunção ética e não simplesmente de uma conquista genética. É nesse ambiente que se processa a adoção. É dentro do âmbito da relação ética que se constrói a real parentalidade, conduzida pela convivência afetiva.
A adoção, porém, se inscreve em um contexto de impossibilidades. Uns adotam filhos por não poderem gerá-los. Outros os geram, mas esbarram na impossibilidade de criá-los. O poder de uns se impõe ao não-poder de outros. Essa questão, com certeza, produz interferências nas relações interpessoais de pais e filhos adotivos. A experiência clínica nos mostra, entretanto, que o apego afetivo, que se estabelece