Psicologia Lacaniana
Os quatro discursos
Lacan fala de sua teoria dos discursos – uma máquina de transformação do gozo – como algo de quatro patas, uma alusão à carta de Voltaire sobre o discurso da desigualdade de Rousseau: “Sente-se vontade de andar de quatro patas quando se lê sua obra.”
Para construir sua teoria, principalmente o discurso do mestre, Lacan se apóia em Hegel, nas relações entre o Mestre e o Escravo. São quatro letras S₁, S₂, $, a, ocupando quatro posições: agente, outro, verdade e produção.
O discurso do mestre é o discurso do inconsciente. O mestre opera sobre S₂, o saber do escravo e produz o objeto a, a causa do desejo ou o mais de gozar, segundo a teoria de Marx.
No discurso da histérica, a partir do fato de ser sujeito barrado, a histérica questiona o mestre colocando-o para trabalhar e produzir um saber.
No discurso do analista, a partir do seu desejo, escondendo seu saber, o analista questiona o sujeito dividido para produzir o significante da sua singularidade.
Discurso da universidade: meu saber, não reconhecendo a dívida que tenho ao saber do mestre interpela o desejo de saber do aluno produzindo o sujeito barrado que fica sempre devendo ao saber.
Ao atentar para a questão da transmissão da Psicanálise, preocupado com aspectos relativos a possíveis deturpações em suas elaborações, Lacan se utiliza, nos primeiros anos de seu ensino, do recurso dos grafos, da topologia matemática, e mais tarde, do recurso do matema. Ao longo de seu ensino, evidencia-se uma álgebra particular, denominada álgebra lacaniana, composta por letras como S1, S2, S, a, A, S (A), Φ. Estas letras remetem a conceitos elaborados ao longo da trajetória de Lacan e, todavia, não visam esgotar ou reduzir a escrita de tais conceitos. Dessa forma, podemos considerar o papel do matema na teoria psicanalítica como correspondente ao papel da fantasia na estrutura psíquica, isto é, a intermediação entre o simbólico e o real. (JORGE, 2002).
O discurso que funda a