Psicologia do trabalho
Jáder dos Reis Sampaio
Em maio de 1995 publicamos um trabalho na revista Psique onde buscávamos apresentar dados históricos, campo e práticas da Psicologia do Trabalho para os estudantes e profissionais de Psicologia que tivessem algum interesse em melhor conhecer a área. Desde então, baseávamo-nos na idéia de que a sociedade brasileira possui uma visão privilegiadamente clínica da Psicologia, e assim mesmo, de um recorte da clínica, entremeado de fantasias e associações com outras profissões. Com alguns anos de docência, já era possível perceber intuitivamente como os acadêmicos de Psicologia procuravam (e procuram!) elementos na Psicologia do Trabalho que lhes permita manter uma identidade profissional profundamente marcada pela imagem do “clínico de consultório” que trabalha com indivíduos ou grupos, ou então romper definitivamente com a clínica, situando a Psicologia do Trabalho numa esfera estranha e singular. Algumas práticas próprias do Psicólogo do Trabalho, por conseqüência, costumam ser vistas como estranhas à Psicologia, ou pior, alguns conhecimentos próprios da Psicologia podem ser vistos como incompatíveis com a Psicologia do Trabalho, o que dificulta a formação deste profissional. Estas muitas arestas, que vêm sendo aparadas aos poucos no desenvolvimento teórico-prático desta disciplina, são fonte de problemas no exercício da profissão, especialmente quando o profissional de Psicologia se “encastela” na sua visão limitada de “campo” da Psicologia do Trabalho, falando uma linguagem própria e estranha aos demais profissionais que atuam nas organizações. Ficam, por este motivo, prejudicados os esforços de realização de trabalho em equipes multidisciplinares ou interdisciplinares. Outro pressuposto que fundamenta o presente trabalho consiste na proximidade entre o desenvolvimento das práticas de gestão e o desenvolvimento da Psicologia do Trabalho. Se por um lado, a Psicologia do Trabalho se beneficia e agrega