Propriedades na lavoura cafeeira de Resende
RESUMO
Tradicionalmente a historiografia demonstrou a importância dos latifúndios no vale do Paraíba Fluminense. Este artigo mostra a predominância e relevância da pequena e média propriedade na Vila de Resende no século XIX na cultura do café. Buscamos evidenciar a participação dos produtores da cidade, tanto na sua produção como a relação de escravos por propriedade e os elementos que a levaram a essa peculiar diferença das demais localidades da região. Demonstraremos que nesta situação não se aplica a idéia de plantation, conforme foi tratado pela historiografia tradicional.
Palavras Chaves: Propriedades, Escravidão, Vale do Paraíba, Café, Resende. I - INTRODUÇÃO A Vila de Resende foi pioneira na plantação de mudas de café ao final do século XVIII no interior do Rio, irradiando a cultura para outras regiões do Vale, São Paulo e Minas Gerais. Exportando sua produção já no início do século seguinte. Todavia apontar que cidade produziu grandes quantidades de café, através da pequena e média propriedade na lavoura cafeeira no século XIX, se comparada a outras cidades da região do Vale do Paraíba Fluminense onde emergiram latifúndios, contrariando o que apontou a historiografia clássica.
Em meados do século XVIII Resende apresentava uma tradição de trabalho familiar e livre, além de escravista na produção de anil, algodão e outros gêneros alimentícios, em pequenas e médias propriedades, estimulada principalmente por migrantes mineiros. Como podemos observar na colocação do jornal Astro Rezendense “A lavoura é antiquíssima e divide-se entre a cultura dos cereais, do café e da cana.”1 Maria Celina Whately na Cultura pioneira do café no Vale do Paraíba complementaria “Nossos antepassados cultivavam primeiro o anil, fabricavam o açúcar e aguardente; depois se deram ao plantio do café” (WHATELY, 2003 p. 42). Durante o século XVIII os pés de café vão sendo cultivados originalmente no nordeste