Projeto de leitura de obras literárias
Justificativa/Objetivos/Metodologia
Um dos sintomas da crise do ensino da literatura é a falta de leitura por parte dos estudantes. Sabe-se que essa carência determina outras: a não assimilação da norma lingüística impede o entendimento dos textos; o desinteresse pela matéria escrita dificulta a continuidade do processo de leitura e, portanto, a aquisição do saber; a dificuldade na expressão oral impossibilita a expressão do lido e a verbalização das próprias necessidades que comprometem a atuação do aluno dentro e fora da escola.
O que afasta uma criança ou um adolescente da leitura de um livro não é só a televisão ou o mundo fascinante dos videogames. Do alto de sua experiência de professor, Daniel Pennac investiga as chaves para o mundo da leitura. Para
Pennac, a partir do momento em que o livro é dever e deixa de ser “vivo” – a narração ao pé da cama, na infância, na hora de dormir −, tudo contribui para afastar a criança e o jovem da tarefa: a espessura intransponível das páginas, a falta de diálogos do texto, a distância cronológica das personagens. Em seu ensaio sobre leitura, Pennac propõe questionamentos, reflexões e confissões: “E se em vez de exigir a leitura, o professor decidisse de repente partilhar sua própria felicidade de ler? O que é isso, felicidade de ler? Questões que pressupõem um bem conhecido cair em si mesmo, na verdade!” (PENNAC, 1998, p.80).
Marisa Lajolo afirma: “Ou o texto dá sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum. E o mesmo se pode dizer das nossas aulas.” (LAJOLO, 1982,
p.15). Lajolo chama-nos a atenção para o fato de que discussões e propostas para o uso do texto literário em sala de aula, muitas vezes, acabam por transformar-se em armadilhas para o professor que, fragilizado, acaba adotando “técnicas milagrosas” para o convívio com o texto, que só estabelecem uma harmonia aparente, mantendo o desencontro entre leitor e texto.
Regina Zilberman no