Professor
A AMAZÔNIA COMO LIMIAR
Ettore Finazzi-Agrò
Sapienza Universidade de Roma
Riches, nombreuses, inépuisables, les interprétations viennent en somme informer la signification ou la valeur de khôra. Elles consistent toujours à lui donner forme en la déterminant, elle qui pourtant ne peut s’offrir ou se promettre qu’en se soustrayant à toute détermination, à toutes les marques ou impressions auxquelles nous la disons exposée: à tout ce que nous voudrions lui donner sans rien espérer recevoir d’elle...
Jacques Derrida, Khôra
É interessante constatar como, numa das suas obras mais recentes, intitulada História das terras e dos lugares lendários, Umberto Eco não tenha incluído nenhuma alusão à Amazônia1. Obviamente, um livro como esse não podia alistar e conter todos os espaços maravilhosos ou medonhos que a mente humana tem imaginado e/ou descrito desde o início dos tempos, mas é todavia um fato que se existe um lugar no mundo que, desde a sua descoberta e a sua (sempre e fatalmente parcial) exploração, se tem tornado repositório privilegiado de fantasias, de utopias e pesadelos acumulados, ao longo dos séculos, pela cultura europeia, este lugar não pode senão ser identificado com o enorme espaço selvático ocupando o bojo do subcontinente americano. Desde o seu batismo nominal até o seu re-uso moderno em sentido ecológico, a Amazônia tem se constituído, de fato, em limiar do desejo e em limite do conhecimento, funcionando como metáfora de um território a ser continuamente decifrado e continuamente ressemantizado, de uma terra onde a experiência é sem peso ou cujo peso incide apenas na construção de uma dimensão emblemática, sempre anterior ou ulterior a respeito de qualquer realidade.
Considerando, mais em geral, que aquilo que atrai os homens para as selvas é, ao mesmo tempo, aquilo que os aterroriza e os afasta delas, podemos chegar a entender como os lugares selváticos e selvagens delimitem, no fundo, um paradoxo, ou