Professor
Leonel Joaquim da Costa Junior
Rio de Janeiro
Novembro de 2013
Psicanálise e Linguagem
O inconsciente é estruturado como uma linguagem.
Jacques Lacan
Articular Psicanálise e Linguagem é navegar em um oceano de questões e de possibilidades sobre a experiência daquele que se faz enquanto sujeito da linguagem movido por um desejo inconsciente – o ser humano. Embora sejam campos distintos do saber, a Psicanálise e o estudo da Linguagem se imbricam, uma vez que possuem por ponto fundamental e comum o homem e sua relação com o simbólico. Este, já anunciado, ainda que de forma primitiva, no talking cure de Anna O., evidencia o meio pelo qual opera o método psicanalítico, a palavra, nó que enlaça os fios da Linguagem e da Psicanálise, já que esta “é uma estrutura segundo a qual se ordena o desejo na medida em que constitua um efeito da relação do ser humano, não com o social, mas com a linguagem.” (SAFOUN, 1968, p. 11).
Nome fictício dado a Bertha Von Pappenheim, Anna O. foi paciente de Joseph Breuer na época em que o médico trabalhava com o método hipnótico em direção da cura da histeria. Nesse mesmo período, Sigmund Freud desenvolvia suas reflexões diante das cenas teatrais que observava no trabalho realizado juntamente a Breuer. A partir da reivindicação de Anna O. pela palavra, pela fala, tornou-se possível a elaboração da Psicanálise e seu distanciamento da hipnose.
A articulação entre Psicanálise e Linguagem faz-se ainda mais estreita quando Jacques Lacan trabalha a teoria freudiana à luz da Linguística do século XX, área do conhecimento cujo nome eminente é Ferdinand de Saussure com seus estudos do “Curso de Linguística Geral” (1916). Neste, Saussure expõe, como ponto central de sua teoria, a questão do signo linguístico enquanto uma unidade indissociável constituída por um significante e um significado; este diz respeito ao conceito e aquele à imagem acústica os quais se articulam em uma relação arbitrária, isto é,