Problemas do Teatro
Problemas e desafios
Sob o prisma artístico, a conclusão é a de que os vários desajustes estão sendo superados. O encenador, passada a ressaca da bebedeira criativa, deseja o equilíbrio com os outros elementos do espetáculo. A harmonia de todas as funções é o ideal perseguido. Por isso os diretores mais conscientes estão preocupados em aprimorar métodos de interpretação, já que a última palavra no diálogo com o público é dada mesmo pelo ator. Os malabarismos da imaginação ficam mudos se não se corporificam num bom desempenho. O dramaturgo toma cada vez mais consciência de que precisa escrever para a cena, tendo como mediador aquele que sabe materializar o seu mundo e o outro que empresta voz à sua palavra.
Não estou desmobilizando qualquer tendência e creio que, vencidos os excessos, todos contribuirão da melhor maneira para concretizar o teatro dos nossos sonhos, afinal, uma arte coletiva. Os verdadeiros problemas do palco não se encontram nele, quando se equacionam e se resolvem as divergências estéticas. Talentos maiores e menores o Brasil produz, sem conta. Tivessem eles oportunidade de atingir o público, nossa realidade cênica seria muito mais rica, diversificada e ninguém endossaria a crença segundo a qual o brasileiro não gosta de teatro. É verdade que o saudoso Anatol Rosenfeld diagnosticou terem o cinema e a televisão dominado os nossos hábitos, antes que se consolidasse o prazer do palco, o que não ocorreu na Europa. Penso, entretanto, haver outros motivos que dificultam o entendimento perfeito entre palco e platéia.
O mais grave refere-se às dificuldades para a produção. Mesmo no tempo da ditadura, o Estado subsidiava o teatro. Não importa recorrer a raciocínio de ordem moral, havendo os que pensam existir, nas subvenções, tentativa de compra das consciências. Tenho para mim que essa era uma prática já consolidada, que ninguém pensava em alterar. Lembre-se que na França, na Alemanha, na Itália e na Inglaterra, entre outros países