Humanização e democratização: Reflexões sobre o teatro do oprimido e "Direito à literatura"
HUMANIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE O TEATRO DO
OPRIMIDO E “DIREITO À LITERATURA”
Desiree Bueno Tibúrcio
(G – CLCA – UENP/CJ)
Profa. Dra. Luciana Brito
(Orientadora – CLCA - UENP/CJ)
Teatro e literatura: aspectos da arte
Tendo como objeto de pesquisa o estudo da obra Teatro do Oprimido, de Augusto
Boal, e o texto “O direito à literatura”, de Antonio Candido, visando a possibilidade de existência de uma aproximação entre ambos, é importante iniciar este trabalho por meio da aproximação entre literatura e teatro.
Identificado com práticas religiosas e mágicas, e utilizando-se da dança, da música, do canto e da pintura, o teatro é o próprio lugar de interação entre as diversas linguagens. Este, para estabelecer-se como linguagem, fez-se tributário de diversas formas artísticas, caracterizando-se como uma forma de expressão múltipla e vária. Enquanto prática artística se define como arte de representação, arte visual, destinado a ser presenciado, inconcebível sem atores e espectadores.
Embora diferente dos textos literários propriamente ditos (contos, poesia, etc.), o texto no teatro se enquadraria na literatura, pois “se alimenta da linguagem literária para se erigir como espetáculo” (MOISÉS, 1997, p. 124). Assim, “o texto dramático vive num espaço de intersecção” (MENDES, 1995, p. 38), pois ao mesmo tempo em que é constituído pela linguagem verbal, ganhando o status de obra literária, é organizado, também, por outros sistemas semióticos.
Literatura e teatro são duas artes que estão diretamente ligadas e tanto uma quanto a outra nos levam pelo caminho da reflexão. O teatro, antes de realizar-se plenamente no momento da representação (a peça, o espetáculo), constitui-se em texto literário. Na medida em que adota a palavra como veículo de comunicação, o teatro participa das expressões literárias, e só perde a sua essência literária no