primeiro ano de vida
Piontelli (1995) relata as experiências vividas no ventre materno e como estas pareciam desempenhar um papel importante na patologia atual da criança. A autora inicia seu livro, colocando na contracapa uma citação de Freud em Inibições, Sintomas e Ansiedade em que descreve que "há muito mais continuidade entre a vida intra-uterina e a primeira infância do que a impressionante censura do ato do nascimento nos permite saber", fato que parece indicar uma continuidade entre o comportamento pré e pós-natal. Logo estas experiências teriam um efeito emocional profundo sobre a criança e
"o fato de termos todos sido um dia bebês nos ajuda a compreender melhor o impacto emocional que os verdadeiros bebês ou os aspectos infantis de nossos pacientes mobilizam em nós, e a observação direta de bebês no cotidiano ajuda-nos a confirmar e reforçar, bem como corrigir ou rejeitar as nossas intuições" (PIONTELLI, 1995, p. 20).
A gravidez é uma situação que envolve tanto a mulher quanto o companheiro e o meio social em que convivem. Poderia ser chamada de vocação humana, mas nem toda mulher deseja procriar, não deseja estar numa condição maternal em que dessa situação decorrem também sintomas somáticos como acessos de ansiedade, sonolência, náusea, vômito, diarréia, constipação, etc. Esse período sem dúvida é de muito sacrifício tanto para a mãe quanto para o pai.
A mulher se vê diante de um momento conflitivo em que o feto representa algo invisível, desconhecido, uma incógnita, visto como algo nada humano, uma "coisa" totalmente indefinida. Segundo Soifer (1980, p. 27) "quando uma mulher engravida, é porque sua tendência à maternidade superou amplamente o terror aos filhos. Esse terror continuará existindo nela, sem dúvida, mas com características atenuadas pelo desejo de ser mãe", embora o que sinta seja "ansiedade e culpa porque reativa no inconsciente as fantasias incestuosas e masturbatórias infantis" (SOIFER, op. cit., p.30). A maternidade não é algo